Quais as consequências de ocupar o tempo com as redes sociais e programas de TV ao invés de enfrentar questões importantes da própria vida?
Qual o impacto de acompanhar dia e noite a rotina de um reality show? O intelectual Paulo Niccoli Ramirez ressalta que as pessoas costumam copiar comportamentos vistos em reality shows. Esse formato é um gênero televisivo popular no Brasil. São programas em que pessoas comuns ou celebridades vivem seu dia a dia e enfrentam desafios específicos. Diversos estudiosos das áreas de comunicação, marketing e psicologia já se debruçaram sobre o gênero televisivo e concordam que a principal explicação por trás da atração despertada está na identificação com os participantes. O Big Brother Brasil é um dos reality shows mais populares no Brasil e já está no ar desde 2002. Outros reality shows populares incluem A Fazenda, Masterchef, The Voice, Esquadrão da Moda, Irmãos à Obra, Ame-a ou Deixe-a, RuPaul 's Drag Race, e Mandou Bem. “Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre.” Essa frase é do livro ‘1984’, escrito pelo inglês George Orwell na década de 1940. A obra sobre distopia teria inspirado a produtora holandesa Endemol a criar o ‘Big Brother’. Segundo Jean Baudrillard, filósofo e sociólogo francês, nas redes sociais é muito frequente ver jovens, adolescentes, até pessoas com uma certa idade, fazer posts a respeito dos participantes, mesmo antes do programa se iniciar. Depois, defendendo um lado ou outro, fazem comentários simplórios sobre o comportamento dos competidores. Essa atividade sugere uma desconcentração nas atividades cotidianas. Quem descreve bastante esse fenômeno é Baudrillard num livro chamado Telemorfose, em que ele estuda os reality shows, sobretudo o Big Brother, e chama esse fenômeno de vivissecção. O que seria isso? É a banalização do cotidiano.
